Por Saulo Figueiredo
Apontada como um novo vetor da administração moderna, a Gestão do Conhecimento (GC) é muito mais um modo de ser (praticar) do que um recurso que se pode comprar.
Dedicada a zelar dos ativos intangíveis corporativos de valor, ela deve ser praticada amplamente por todos nas organizações, sendo relevante aprender, logo no início, que longe de ser algo que se compra, a GC é muito mais algo que se constrói com trabalho, coerência e dedicação.
Gestão do Conhecimento é uma viagem e não um ponto de chegada. É uma conquista e não uma aquisição. É mais ser do que ter.
Tratada como um modelo de gestão dedicado a alavancar, multiplicar e gerar riquezas a partir do capital intelectual e do conhecimento da organização, a GC é um conjunto de técnicas, posturas e condutas dedicadas ao zelo do saber organizacional. E não poderia ser diferente, pois que atualmente as verdadeiras promessas de geração de riquezas estão no conhecimento.
O grande patrimônio deixou de ser terras, máquinas ou propriedades. A verdadeira capacidade da empresa prosperar, perpetuar e gerar riquezas está, de fato, muito mais no capital intangível do que no capital tangível.
Só para ter uma idéia do valor do conhecimento em nossos dias, nós mandamos navios carregados de soja para os países ricos. Mas um navio de soja exportado pode valer menos que uma nova cultura de bactérias que importamos, por exemplo.
A GC exige principalmente atenção e cuidados especiais para com as pessoas, uma vez que elas detêm e produzem o conhecimento genuíno. Além disso, nunca se deve perder de vista o desenvolvimento de estratégias baseadas no conhecimento.
Empresas como a Nike, Natura e Sony, entre outras, revelam em comum habilidades e, conseqüência do sucesso empresarial, muito mais o zelo dos ativos intangíveis, estratégias mercadológicas bem definidas para o conhecimento e alinhamento do capital intelectual.
Este último (o capital intelectual), importante não apenas para o perfeito funcionamento e atuação da empresa, mas também pela forte influência positiva que exerce nos resultados da companhia de maneira direta e indireta, produzindo percepções de valor, desafio também do Marketing do Conhecimento (veja artigo ao lado).
Embora a grande importância da aprendizagem e do conhecimento em nossas vidas e empresas, muitas pessoas e organizações ainda não sabem como lidar com estes recursos adequadamente.
Considerando que a GC pode ser aplicada nas mais diversas esferas sociais, incluindo empresas privadas de qualquer porte, instituições de ensino e órgãos governamentais e que o conhecimento é o que faz a diferença em qualquer setor ou negócio, devemos rapidamente desenvolver habilidades novas que nos permitam lidar de modo otimizado com o conhecimento nestas instituições.
Um dos grandes desafios em GC é conseguir olhar para toda a cadeia de conhecimento de valor e em toda ela atuar e melhorar os resultados e o desempenho.
Não é exagero afirmar que mais eficazes serão e mais êxito terão os colaboradores e as empresas que se destacarem na tarefa de gerir o saber. Mais do que produzir os melhores bens de consumo, as empresas devem estender o saber e a aplicação eficaz do conhecimento também àqueles que comercializam, prestam serviços de manutenção, fazem o atendimento e estabelecem relacionamentos duradouros com os consumidores e demais stakeholders, capacitando todos ao êxito.
Isso evidencia um estado de ser e de tratar a eficácia como uma questão do saber e ter a motivação e a liberdade para aplicar conhecimentos em benefício da prosperidade de todos.
Muitos dos desafios empresariais em nossos dias podem ser resolvidos e muitas das oportunidades podem ser aproveitadas a partir das práticas de Gestão do Conhecimento, sendo preciso estimular a aprendizagem e uso da GC em todos os níveis das organizações. Não por acaso, as empresas demandarão cada vez mais profissionais que saibam gerir recursos intangíveis, propósito da GC.
Infelizmente, muitos gestores concluíram seus cursos superiores e continuam se formando sem conhecer a GC e se encontram despreparados para a gestão de recursos intangíveis corporativos de maior valor estratégico e “patrimonial”.
Se o conhecimento se revela como o combustível essencial para todas as organizações em nossos dias, não é mais possível empregar pessoas que não saibam zelar do saber tão precioso, não dando também para deixar de preparar os colaboradores em ação para que aprendam a cuidar do conhecimento organizacional.
Referência bibliográfica: Gestão do Conhecimento – Estratégia Competitivas para a Criação e Mobilização do Conhecimento na Empresa, de Saulo P. Figueiredo, pela editora QualityMark, edição 2005.