Por: Juca Palácios
Hoje, devido à dinâmica competitiva e a globalização do mercado, podemos afirmar que a criatividade é vista pelas empresas como uma competência essencial para todos os funcionários. Por ser responsável pelos resultados de sua equipe, é fundamental que o líder desenvolva tanto a sua competência de criar e inovar quanto a de seus liderados, e, por fim, gerencie o processo criativo da equipe.
Algumas pessoas atribuem a criatividade simplesmente ao fato de gerar boas ideias. Na verdade, diversas vezes vemos dentro das empresas pessoas reclamando a autoria das ideias; “Pedro implementou este processo, mas eu já tinha pensado nisso, inclusive citei numa reunião de equipe há um ano atrás e ninguém me deu ouvidos…”
Pensando em situações similares, quem foi criativo neste processo, quem teve a ideia ou quem a implementou?
Para responder, segue uma definição de criatividade que eu considero bem completa e prática:
“A criatividade é a capacidade de transformar ideias em realidade, de forma que melhorem um processo, inovem um produto, divirtam alguém…enfim que tragam benefícios às pessoas, as empresa, a sociedade” (autor desconhecido).
Pensando neste prisma, a criatividade não é uma competência isolada que funciona independentemente das demais. Posso descrever pessoas criativas como sendo aquelas que desenvolvem tanto o pensamento lógico como o abstrato, são pessoas ousadas, que não têm medo de errar, que possuem flexibilidade conceitual e estão extremamente motivadas para usar a sua capacidade de influência para transformar os diversos “nãos” que escutam em “sins”.
Para o líder, a questão fundamental é: como desenvolver a capacidade criativa na minha equipe?
O primeiro passo é verificar se, como líder, você não está bloqueando o processo criativo da sua equipe ou, até mesmo, permitindo que este processo seja bloqueado pela própria equipe. Um exemplo deste bloqueio ocorre em reuniões de “brainstorm”, quando o líder ou membros da equipe reagem às ideias consideradas “tolas” com gracejos, desdém ou argumentos que deixem a pessoa constrangida.
Ora! Reuniões deste tipo deveriam focar na quantidade de ideias, na construção de ideias sobre ideias, para depois, em outro momento, realizar a análise crítica.
Se isso acontece quando as ideias deveriam ser livres e bem vindas, imaginem no dia a dia? O medo de uma crítica mina a capacidade criativa, afinal, ninguém quer parecer bobo perante o time.
Para quem tem este tipo de atitude é bom refletir que muitas vezes, enquanto a pessoa elabora e verbaliza a ideia, ainda não teve tempo de pensar em todas as implicações da mesma, afinal, é muita coisa para o cérebro fazer ao mesmo tempo. Por isso, é importante ter um momento no qual as ideias fluam livremente, sem críticas. A chance de, no meio destas, ter algumas boas ou mesmo geniais é muito maior do que se as pessoas ficarem com medo de serem criticadas e limitarem o fluxo de ideias.
Albert Einstein dizia: “Não existem ideias tolas, existem ideias mal compreendidas”, se ele falou, quem sou eu para desdizer?
O segundo passo é a criação de um ambiente descontraído. Pensemos um instante: é mais fácil criar em um ambiente leve e amistoso ou em um ambiente pesado e antagônico?
Depois disso é preciso nivelar as informações da equipe, pois as pessoas só terão boas ideias sobre um assunto se tiverem acesso as informações suficientes para se sentirem envolvidos e, com isso, se motivarem a por em prática as mudanças.
Para finalizar, cabe analisar e selecionar as melhores ideias. Transformar tudo isso em um plano de ação com datas, responsáveis, recursos necessários e planos de contingência.
Quando criamos em equipe, o melhor processo é aquele que no fim ninguém sabe exatamente quem foi o dono da idéia e quem foi o responsável pela implementação. Todos de fato contribuíram.
Por fim, gostaria de citar uma amiga, consultora de RH de uma multinacional, sobre o que significa hoje em dia ser um profissional talentoso. Creio que ela reflete bem a importância da criatividade em nossas carreiras.
Segundo ela, existem dois grupos de profissionais que as empresas querem manter. O primeiro corresponde aos que atingem e até superam as metas, os chamamos de “carregadores de piano”. Eles são importantes e as empresas se esforçam para mantê-los.
O segundo grupo corresponde aos “talentos da empresa”. São os que atingem ou superam as metas, ao mesmo tempo em que trazem inovação e mudanças.
Estes profissionais são fundamentais à sobrevivência e ao crescimento da empresa, e estas farão de tudo para mantê-los. Na verdade, este é um grupo de profissionais que pode se dar ao luxo de escolher onde vão trabalhar.
A pergunta que eu deixo para vocês é: como vocês querem ser reconhecidos? Como profissionais talentosos ou carregadores de piano?
Em nossas carreiras dificilmente seremos lembrados por fazer o arroz com feijão, ou seja, por entregar aquilo que se espera de nós. Mas, seremos sim lembrados pelas inovações e melhorias que realizamos e pelo quanto isso trouxe de benefícios às pessoas e à empresa.
Este certamente será a nossa marca, o nosso legado.
Como você está construindo o seu?
Publicado em 23/11/2010, na www. Crescimentum .com.br