Por Eduardo Slepetys
Zezinho era um exímio “empinador” de pipas. Suas pipas eram feitas com muito cuidado. Ele selecionava os melhores papéis, as melhores varetas de bambu, linha de primeira e cola, ah, cola era seu segredo. Segredo adquirido com seu avô. Ele mesmo a fabricava com água e farinha. Isso deixava as pipas mais leves e precisavam de menos vento para alçar vôo.
Todos na vila ficavam curiosos como Zezinho conseguia em pouco tempo colocar suas pipas lá no alto e como ele fazia com que suas pipas fizessem evoluções fantásticas no céu.
Dava para perceber que quando alguém avistava de longe a pipa, no lugar mais alto do céu, tentavam identificar quem era que no chão, comandava com tanta maestria aquele conjunto de papel, bambu, cola e linha.
Zezinho tinha seus segredos que iam muito além da cola. Zezinho com toda sua experiência comoempinador de pipas, sabia de coisas que outros que iniciavam nesta arte não conheciam.
Zezinho sabia que uma boa pipa começa com a escolha do material certo. Também sabia que não adiantava ter o material certo se não soubesse montar corretamente este conjunto. O corte correto do papel, arestas do bambu bem cortadas, não abusar da cola e linha no lugar certo. Todo este cuidado, fazia com que ele montasse todas suas pipas como únicas e perfeitas no seu conjunto.
Na hora de empinar, Zezinho sabia que deveria ter um espaço suficiente e uma quantidade mínima de vento para que ela pudesse alçar vôo. Uma corridinha, um bom vento e lá vai, pipa pro alto.
Soltando a linha devagar e dando suas puxadinhas para esquerda, direita, pra baixo, Zezinho vai colocando a pipa cada vez mais alto.
Sua experiência dizia que tinha que ficar afastado dos postes de energia elétrica, arvores e antenas das casas. Isso poderia colocar em risco sua vida e poderia com certeza perder sua pipa.
Quando sentia que o vento estava muito forte, Zezinho tratava logo de trazer sua pipa de volta. Sabia que ventos fortes poderiam rasgar o papel de sua pipa e isso seria um desastre. Poderia também fazer com que sua linha arrebentasse e sua pipa fosse arremessada para o desconhecido.
Zezinho era um mestre na arte de empinar pipas e não negava ensinar seus conhecimentos a ninguém. Zezinho não vendia suas pipas, mas ensinava aos outros a fazerem iguais. Mesmo o segredo de sua cola, era passado adiante, mas nem todos compreendiam que as pitadinhas a mais de farinha que ele colocava, fazia grande diferença.
Depois de um dia inteiro empinando pipas, Zezinho voltava para casa feliz da vida e comentava com sua mãe como fora o dia. Ficava orgulhoso de suas pipas e mais ainda quando ficava sabendo que suas pipas estavam ficando famosas pelo bairro. Todos queriam ter pipas como as de Zezinho.
Zezinho fazia pipas. Pipas para serem empinadas e alçarem grandes vôos. Pipas para serem admiradas e desejadas pelos demais empinadores.
Zezinho era um grande empinador de pipas.
Interpretação
No texto Zezinho é o Líder e como tal, seleciona as melhores pessoas para trabalhar em sua equipe (a pipa). O Líder também sabe que não adianta ter os melhores profissionais, mas deve saber qual tarefa deve ser dada para cada profissional. A linha, o papel, varetas, todos tem sua “utilidade”, mas juntos fazem a pipa.
Geralmente pessoas que estão à volta de algum Líder, às vezes não enxergam e não entendem como esta pessoa consegue conduzir tão bem sua equipe, com tão pouco esforço.
A Equipe é quem deve aparecer, pois grandes equipes são conduzidas por grandes Líderes. Se uma equipe começa a se destacar das outras, o Líder automaticamente será visto.
Liderança não se aprende no banco de escola. Leva um tempo para aprender a enxergar as nuances da Liderança. No texto, Zezinho tem um Mentoring, seu avô. Líderes geralmente são formados por outros Líderes ou se espelham neles.
Um Líder sabe quando sua equipe pode decolar. Sabe que tem o “espaço” necessário e as condições para que eles possam “subir” em segurança. O Líder deve saber quais são os obstáculos que sua equipe deve enfrentar.
Quando a equipe sai do rumo o Líder sabe dar suas “puxadinhas” para que ela retorne para o caminho certo.
O vento forte é o stress. Um Líder deve saber quanto de stress sua equipe pode suportar. Se este Líder não souber dosar, poderá perder sua “pipa” para o mercado.
Um Líder não tem medo de transmitir seus conhecimentos e manter suas equipes unidas usando ”sua cola”. Cada Líder tem um segredinho para fazer esta cola. Qual é o seu?
Grande abraço,
Eduardo Slepet
