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Quanto custa o analfabetismo emocional?

“Aumenta os casos de depressão e ansiedade na população!”. “Aluno agride professor após receber nota baixa!”. “Briga de trânsito acaba em tragédia!”. “Pais alegam dificuldades de educar e se aproximarem de seus filhos no mundo moderno!”. “Filhos pedem mais momentos de qualidade com os pais!”. “Empresas alegam dificuldades em encontrar profissionais com boa formação técnica e com boas habilidades em lidar com as emoções!”. “Cresce o número de universitários, mas recrutadores reclamam da falta de habilidades comportamentais”. “Pesquisas alertam que só o Q.I. não é suficiente para obter sucesso e felicidade. É necessário também I.E. (Inteligência Emocional)”.

Enfim, os exemplos são inúmeros, seja na relação entre pessoas, no âmbito interpessoal, seja no âmbito da relação das nossas próprias motivações, dos nossos comportamentos e emoções para com o nosso próprio “eu”, ou seja, relações intrapessoais. A manifestação de um comportamento ou atitude, bem como a sua variação de intensidade, é fruto de processos intelectuais e emocionais. Antes de mudar um comportamento e/ou desenvolvê-lo, é necessário mudar os “esquemas mentais e emocionais” envolvidos. Nesta perspectiva, não é por menos que a Neurociência, a Psicologia e o Coaching desenvolveram-se significativamente nas últimas décadas… “E nos ajudam tanto!”

Conforme estudos do psicólogo da Universidade de Harvard, o PhD Daniel Goleman (2001, p. 337), “inteligência emocional refere-se à capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e dos outros, de motivar a nós mesmos e de gerenciar bem as emoções de nós e em nossos relacionamentos”. Por sua vez, o psicólogo americano e PhD Hendrie Weisinger complementa citando que I.E. envolve quatro componentes:

– A capacidade de perceber, avaliar e expressar corretamente uma emoção.

– A capacidade de gerar ou ter acesso a sentimentos quando eles puderem facilitar sua compreensão de si mesmo ou de outrem.

– A capacidade de compreender as emoções e o conhecimento derivado delas.

– A capacidade de controlar as próprias emoções para promover o crescimento emocional e intelectual.

Já Goleman (1995 e 2001) complementa:

– Conhecer as próprias emoções (autoconsciência): desenvolver esta competência nos permite percebermos como as emoções nos afetam (inclui o efeito das emoções dos outros sobre você), como reagimos a elas e seus respectivos efeitos. Desta forma, fica mais fácil administramos nossas emoções de modo a tirarmos melhor proveito delas. Para mudar um comportamento indesejado, por exemplo, saber o que faz agir como age (autoconsciência) é o primeiro passo.

– Lidar com emoções: não administrarmos bem nossas emoções, sejam elas positivas ou negativas (emoções aflitivas), pode nos levar a grandes problemas, principalmente quando os sentimentos forem impulsivos. Desenvolver esta competência nos permite nos momentos difíceis e sobre pressão, manter uma atitude mais positiva, pensando com clareza e de forma concentrada.

– Motivar-se: sua dedicação, sua capacidade de resistir às frustrações diárias, sua iniciativa, sua energia para começar e concluir algo em uma direção específica, seu grau de realização, tudo depende do que te move. É por meio da motivação que você busca melhorar ou ser melhor, cria metas e objetivos ousados, porém realizáveis. Ainda, agarrar oportunidades e enfrentar as reverses e os obstáculos da vida com confiança, persistência e otimismo.

– Reconhecer emoções nos outros: esta habilidade envolve a empatia, que por sua vez envolve ficar atento e perceber as emoções, os sentimentos, a linguagem corporal do outro, mantendo a sensibilidade e a perspectiva do outro. Envolve também escutar de forma efetiva o outro, e não seus próprios pensamentos e avaliações. Cabe ressaltar que compreender o ponto de vista do outro, bem como porque a pessoa se sente daquela maneira, não implica necessariamente aceitar aquela situação (ou comportamento), entretanto, tal habilidade permite encontrar alternativas mais adequadas.

– Lidar com relacionamentos: somos seres sociais por natureza e dessas relações necessitamos. Desta forma, torna-se extremamente necessário mantermos e cultivarmos relacionamentos benéficos para as partes envolvidas, mantermos contato com pessoas, estabelecer amizades e relacionamentos, trocarmos de forma adequada sentimentos, pensamentos, ideias etc. A qualidade dos relacionamentos envolve a capacidade de comunicação e o desenvolvimento da empatia.

Para alguns, razão e emoção não podem coexistir, é como se o desenvolvimento de um implicasse com o “extermínio” do outro. Isto é um equívoco! É a busca do desenvolvimento e do equilíbrio entre razão e emoção que são determinantes nas suas decisões diárias, decisões estas que podem marcar positivamente ou negativamente toda a sua história de vida pessoal e profissional, te levando ao sucesso ou ao fracasso.

“O que adianta ter lido tudo sobre comunicação interpessoal (razão) e não conseguir cultivar e manter uma amizade sincera? O que adianta horas de treinamento em liderança (razão) se não consegue ter empatia (emoção) com os seus subordinados?” Podemos desenvolver a inteligência emocional reconhecendo a necessidade de mudarmos a nossa maneira de pensar e acreditando que com esforço, aprendizado e prática podemos mudar e/ou melhorar nossos comportamentos, atitudes e hábitos. A autopercepção e a autoconsciência são os primeiros passos para a mudança pessoal. Tais ensinamentos podem ser promovidos no âmbito familiar, escolar e organizacional. “Assuma a responsabilidade pela própria mudança pessoal”, como costumam dizer os profissionais de Coaching.

Há livros, cursos e vídeos no campo da Psicologia e do Coaching bastante úteis para prática de autoconhecimento. Livros dos psicólogos Ph.D Daniel Goleman, Ph.D Hendrie Weisinger e Dale Carnegie, entre outros, lhes serão extremamente úteis na condução “para si mesmo”. Perceber (não julgamento) sentimentos e comportamentos do outro (“o outro nos revela muito sobre nós mesmos”) e feedback (elogios e críticas) sinceros de pessoas próximas também são uma ótima fonte para o autoconhecimento. Finalizando, segue algumas perguntas provocativas para você, agora mesmo, conhecer um pouco mais sobre o seu “eu e suas potencialidades”. Segue:

Pense em um comportamento que gostaria de melhorar ou um comportamento indesejado. (ex: melhorar minha comunicação interpessoal / Me abalar menos emocionalmente a ponto de “estourar” com alguém).
1. O que está custando para você não ter o comportamento desejado hoje?
2. O que irá lhe custar no futuro?
3. O que está te impedindo a buscar e ter o novo comportamento? Onde estão as suas limitações?
4. O que você poderia fazer agora para mover-se em direção ao comportamento desejado?

Agora, faça uma autorreflexão e pense que ponto você pode trabalhar, desenvolver e melhorar!

Por Leandro A. Zavam para o RH.com.br

Fonte: http://www.rh.com.br/Portal/Desenvolvimento/Artigo/10083/quanto-custa-o-analfabetismo-emocional.html?utm_source=boletim&utm_medium=email&utm_campaign=759#