Ao contrário do que se possa imaginar, está difícil fazer seleção de pessoal, mesmo com a grande quantidade de profissionais disponíveis no mercado.
Por quê? Assim o leitor deve estar se perguntando.
A resposta a esta pergunta é: além das diversas inovações tecnológicas que tornam o profissional rapidamente obsoleto, a necessidade das frequentes e, muitas vezes, abruptas mudanças de direcionamento no negócio, que exigem do funcionário o desenvolvimento de outras competências essenciais para deixá-lo apto a ajustar-se rapidamente às necessidades da organização.
Infelizmente, por mais que os profissionais acreditem estar preparados, poucos, bem poucos mesmos, apresentam, além da experiência, competências essenciais como:
- Inteligência emocional – capacidade do indivíduo de lidar com os fatos simplesmente como são, não se permitindo envolver-se emocionalmente ou administrando bem as possíveis emoções oriundas deles;
- Visão sistêmica – capacidade de ver o todo estabelecendo as devidas relações entre as partes;
- Visão de negócio ou empreendedora – capacidade de inovar, de ir além do habitual, mirando as metas organizacionais, considerando as influências do cenário político-sócio-econômico e suas tendências e assegurando a *sustentabilidade do negócio.
Estas competências capacitam os funcionários para enfrentarem a realidade do mundo corporativo. São elas que os possibilitam atuar no compasso das organizações, ora avançando, ora reduzindo a velocidade ou até ficando em “lay-off” aguardando a nova onda ou ordem do mundo dos negócios. A única coisa que é certa neste contexto é que todo dia o profissional precisa ser melhor, mais “antenado”, que o dia anterior, para garantir o seu lugar nas empresas.
Por incrível que pareça, estas competências são exigidas em algum grau, por mais simples ou iniciante que seja o cargo, mas, infelizmente, os profissionais não estão atentos para isto. Muitas vezes pela baixa complexidade das atividades inerentes ao cargo, o funcionário acredita que está ali para cumprir ordem sem fazer nenhuma conexão de sua atividade com as referidas competências.
Pessoas com estas competências desenvolvidas aliadas à boa formação e experiência é tudo por que o mundo dos negócios busca, por isto tais pessoas muito raramente procuram emprego e frequentemente são procuradas.
Nesta minha trajetória de trinta e seis anos atuando em seleção de pessoal, para os diversos níveis, em empresas de todos os segmentos e portes, ficou evidente que a maioria dos profissionais preferidos pelas contratantes constitui-se de pessoas empregadas por, presumidamente, terem tais competências em ação e, portanto, com possibilidade de apresentarem rapidamente os resultados esperados.
Esta realidade é cruel para os profissionais disponíveis no mercado, mas infelizmente, no mundo cada vez mais competitivo, o que conta é a possibilidade de apresentar melhor resultado, no menor tempo.
Diante deste cenário, é longa a saga das Empresas de Seleção para atender às expetativas do cliente de encontrar profissionais com o perfil definido por ele.
Além desta desafiante saga, é também um sofrimento para Empresas de Humanos que têm como valor de seu negócio “ser uma empresa socialmente responsável” que acreditam que os candidatos têm potencial a ser desenvolvido, e que a entrega do resultado esperado é apenas uma questão de tempo, estando intimamente ligado à qualidade da liderança e apoio do gestor ao novo colaborador, e não somente ao perfil profissional.
*Sustentabilidade – garantia do resultado financeiro associado à preservação ambiental e a gestão socialmente responsável.
Margarida Silva – Psicóloga, MBA em Gestão de RH, sócia diretora da Muito Mais Seleção, especialista coaching, com vasta experiência em gestão de RH e carreira.