Pesquisadores da Michigan State University em East Lansing responderam uma pergunta que intrigava os biólogos. Afinal por que os organismos evoluíram para cooperar entre si?Os benefícios da cooperação a longo prazo ficam claros desde a sobrevivência de um cardume ou manada até a construção de estruturas sociais complexas como colmeias e porque não a nossa sociedade.
A evolução é um processo que normalmente implica em desenvolver pequenas vantagens de curto-prazo em relação a geração anterior.
Indivíduos podem escolher agir de maneira egoísta ou colaborativa e colher os resultados da escolha. O que intrigava os cientistas é como a cooperação emerge como um comportamento dominante.
Segundo o modelo proposto cooperação e egoísmo passam por fases de transição rápida, indo e voltando, com indivíduos imitando o comportamento de seus vizinhos.
Os participantes recebem uma recompensa se os dois cooperarem e não recebem nada se nenhum deles cooperar.
Com o tempo as estratégias que são bem-sucedidas são copiadas, como a cooperação é a situação onde certamente há algum ganho ela acaba se espalhando.
O modelo também teve inspiração em modelos de estudo de magnetismo, ou seja, se houver uma força externa com atração suficiente é possível influenciar o grupo para adotar um comportamento predominantemente cooperativo.
Saindo dos modelos matemáticos Francis Flynn professor de Comportamento Organizacional de Stanford estudou 161 engenheiros para entender o quanto ajudavam os seus colegas e quanto admiravam um ao outro.
O que ele descobriu é que colaboradores dispostos a receber e dar ajuda são mais produtivos, em particular aqueles que o fazem com frequência.
Ter uma boa reputação por ser cooperativo pode conferir benefícios e estimular comportamento cooperativo.
Quando os líderes conseguem demonstrar com frequência este aspecto de cooperação com suas equipes o efeito é contagioso.
É interessante também que isto vá além e faça parta da cultura e modus operandi da organização, cooperação embutida na estrutura e nos processos de trabalho, algo que faz muito sentido nas organizações que hoje são cada vez mais horizontais.
A cooperação pode contribuir para uma manifestação mais livre dos colaboradores onde diferentes vozes e ideias podem ser ouvidas e consideradas. Isto contribui para que mesmo em situações onde há desacordos e conflitos haja uma maior probabilidade de trata-los com dialogo.
O interessante é que o aspecto de colaboração e cooperação é a base de modelos de negócio como AirBnB, Uber, Cabify, plataformas de crowdfunding e até de transferência de dinheiro global como Transferwise.
O elemento que garante a sobrevivência destes players é a confiança existente em todas as partes da rede; de clientes a prestadores de serviço e da plataforma em si.
O papel da empresa que facilita e cria a rede em sustentar esta confiança é crucial.
Se os membros da rede sentirem algum desconforto no modelo de negócio ou na tecnologia ou em alguma manifestação inadequada de seus fundadores, podem mudar com mais facilidade para a concorrência.
A formação técnica dos membros de uma equipe de alta performance e a tecnologia envolvida nesses negócios é sem dúvida importante mas creio que a capacidade de gerar momentos de cooperação e generosidade deva ser o aspecto mais disruptivo manifestado.
O CEO ou líder que desconsiderar a importância disto estará menosprezando um ativo imensurável.