Por Stephen Kanitz
Dos 360 dias do ano, entre sábados e domingos mais feriados sobram 290 dias.
Destes, dizem que 180 dias trabalhamos para o Estado, especialmente se você for um pequeno empresário com mais de 50 de impostos e taxas para pagar.
Portanto, sobram 110 dias.
Destes, gastamos no mínimo 25 dias, ou 2 dias por mês pagando impostos, calculando quanto devemos, recalculando porque qualquer erro é 20% a mais na certa, preenchendo 20 DARFS, pagos em dias diferentes, que requerem cheques diferentes e mais algumas horas de dedicação.
Sobram 85 dias.
Destes, ficamos em média 15 dias em casa, com dor de cabeça ou com pressão alta, porque nunca nosso fluxo de caixa corresponde com aquele dos impostos, e precisamos negociar horas a fio com os Bancos os furos de caixa.
Pagando uma taxa absurda do juros, porque o próprio Estado concorre conosco, e enxuga quase todo o dinheiro do sistema.
Sobram portanto 70 dias.
Destes, eu gastava 30 dias fazendo dezenas de propostas de consultoria, competindo com dez outros consultores melhores do que eu, como o Ministro Palocci, e normalmente levava somente uma, aquela que me permitia trabalhar os 40 dias que sobraram.
Mas como tudo mundo, administro mal o meu tempo, tendo que refazer tudo ou refazer a metade, o que significa que trabalho-trabalho produtivo mesmo eram somente 20 dias por ano.
Trabalhar 340 dias para os outros, e ficar com somente 20 dias para si, simplesmente não vale a pena. Especialmente agora, que a gente fica 20 dias parado no trânsito.
Parados, porque os impostos que pagamos não resultam em nada.
Portanto, parei.
E imaginem quão feliz fiquei.
Não tenho mais DARFS para pagar, não tenho mais Contas Bloqueadas por Juízes do Trabalho, não tenho mais fiscais querendo me fiscalizar, que reduziam ainda mais meu tempo de trabalho.
Não corro mais o risco de quebrar, não tenho mais funcionários para orientar, não tenho mais sindicalistas me xingando de Patrão Capitalista, não tenho mais economistas xingando meus “espíritos animais”, não tenho mais dívidas a pagar, não tenho mais o perigo de alguém decretar minha falência, não tenho mais ONGs pedindo para eu ajudar, não tenho mais clientes para agradar, não tenho mais responsabilidades a cumprir.
Mandei todo mundo embora, apesar de ser ainda jovem com enorme experiência, com muitas ideias para implantar, muita gente para orientar, muitos trainees para treinar.
Mas vocês ganharam. Aqueles que acham que empresas são máquinas para explorar, usurpar, e atazanar, lamento dizer.
Eu, nunca mais.