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Bons técnicos serão bons líderes?

Por Antonio Luiz Amorim
Ao longo da minha carreira profissional em empresas, tive oportunidade de presenciar algo que, provavelmente você que lê esse artigo também já assistiu: Aquele excelente técnico de uma determinada área ser reconhecido pela empresa e ter como prêmio(?) a sua promoção para um cargo de Chefia, passando a Liderar(?) a sua equipe.
E não são poucas as vezes em que a empresa acaba perdendo o técnico e o líder…
Poderia se questionar se a empresa “preparou” o técnico para o cargo, se ele estava pronto, se tinha o perfil e a competência, se desejava liderar pessoas etc…
A Profa Cecília Whitaker Bergamini, cita em seu livro “ O Líder Eficaz” que “ poucas foram as organizações que se deram conta das conseqüências negativas que no futuro poderiam enfrentar devido ao descuido com o qual escolhiam qualquer pessoa para postos que requeriam a competência de um líder. Julgava-se nesse caso que uma dose de bom senso poderia garantir o sucesso em comandar pessoas”.
E as citadas “consequências negativas” não são poucas… Além do resultado insatisfatório, líderes despreparados causam verdadeiros desastres no equilíbrio das relações dentro da equipe e nas interações com outras áreas.
Egos inflados pelo poder do cargo saem dando “canetadas”, administrando através de circulares e normas internas, fazendo ameaças, como se estivessem tocando gado, mas como diz aquela canção “gado a gente ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente…”.
Peter Senge em Liderança em Organizações Vivas complementa: “ O preço que todos nós pagamos no final das contas é incalculável: as instituições que cambaleiam de crise em crise, a tensão constante dos membros dessas instituições, o desempenho(no máximo) medíocre a longo prazo e o conseqüente reforço do ponto de vista de que “as pessoas comuns” não têm poder de mudar as coisas”.
E essa questão de que bons técnicos não necessariamente serão bons líderes é também percebida fora do âmbito das organizações, como nos mostra o esporte: alguns excelentes jogadores de futebol, verdadeiros “craques” que tentaram a carreira de treinadores acabaram desistindo. Já alguns considerados “medíocres” como jogadores, mostraram uma fantástica capacidade de liderança e tornaram-se referências como comandantes das suas equipes.
Confunde-se também Liderança e Poder. A já citada Profa Cecília Bergamini, comenta: “ Claro está que não existem organizações sem pessoas que detenham poder e algum tipo de autoridade formal. No entanto, isso não significa que todos aqueles que detêm poder sejam necessariamente líderes, embora a recíproca seja verdadeira. Líderes verdadeiros têm autoridade e poder, a eles são concedidos de forma especial”.
Essa concessão de “forma especial” é legitimada pela equipe, pelo seu time.
O verdadeiro líder inspira mais do que ensina, os seus atos são coerentes com os seus discursos, abertura e confiança é um círculo virtuoso da relação estabelecida com a equipe.
Chemers e Ayman ressaltam o papel ativo do seguidor na construção da eficácia do líder e propõem que “os seguidores afetam o poder de influência do líder, o estilo do seu comportamento, assim como o desempenho do próprio grupo através dos seus processos de percepção, valorização e julgamento”.
Pensar em liderar sem considerar o papel ativo dos seguidores é trabalhar com uma visão de curto prazo…
Ouvi, certa vez, de um Diretor de Empresa que “toda vez que ele arrumava a casa”, era substituído do cargo pelo Conselho das Empresas… Apenas ele, não percebia(?) que o que ele chamava de “arrumar a casa” representava na verdade uma “terra arrasada” em que só outro, com outro estilo e competência poderia conduzir.
Em “O Líder Eficaz”, temos ainda: O grande desafio já não é mais provar se o líder nasce líder ou se ele pode ser preparado para tanto. Para um grande número de empresas, o líder passa a ser considerado como um agente de mudança e como alguém capaz de levar seus seguidores a identificar-se com ela. O líder naturalmente seguido é aquele que prioriza sua capacidade de mostrar aquilo que as pessoas, no geral, não conseguem ver tão facilmente, e convencê-las da sua importância.
E sabemos que a capacidade de impor pode ser atributo de qualquer um, investido de poder, mas a capacidade de convencer exige brilhantismo, conteúdo, carisma e por que não dizer simplicidade e humildade.
Diz J.Collins que “as relações mais produtivas estão, em sua essência, nas parcerias mútuas enraizadas em uma liberdade de escolha cabida a ambas as partes de participarem somente do que for mutuamente benéfico”.
Podemos extrair do parágrafo acima, algumas palavras que decidem a manutenção das relações, sejam elas de que naturezas forem: parceriasmútuas, liberdade de escolha, benefícios mútuos…
E as essas mesmas palavras um bom líder deve estar atento.
Fonte: http://www.rhcentral.com.br/artigos/artigo.asp?cod_tema=3365